Conceito e características da metateoria

CAMARADAS, iniciei esse debate para me esclarecer sobre o conceito e características de uma metateoria. Um metateoria serve mais como uma teoria de análises para que se construa outras teorias baseadas em cada realidade? No caso a QTP não é uma teoria em si, é uma ferramenta de análises para se construir uma? Mais se a metateoria constrói e avalia outras teorias, quem fundamenta a metateoria para que ela sirva como base de análise? teorias? Cultura? Conhecimento?

Saul, a descrição abaixo esclarece um pouco esses pontos:

Conceios sobre Metateoria - Wikipédia escreveu:A metateoria pode ser definida como área do conhecimento que teoriza sobre a própria teoria de uma dada ciência. Pode ser considerada como o equivalente à epistemologia.

A teoria cria postulados e princípios para uma determinada área do conhecimento. A metateoria analisa e discute esses postulados. Segundo o sociólogo Bruno Laze, a metateoria é análoga ao que Max Weber chama de visão de mundo (Weltanschauung): um conjunto de crenças que serve de base para corroborar a razoabilidade de teorias inseridas no campo da metateoria.

Em termos bem simples, teorias são o objeto de análise da meateoria, que se dedica a estudar as ideais que motivam e compõem as teorias.

É algo análogo à epistemologia - ou gnosiologia -, que estuda o conhecimento humano e as relações entre o sujeito e o objeto de análise do conhecimento.

Pra ficar mais claro, vou responder sua pergunta em ordem:

Saul Oliveira escreveu:Um metateoria serve mais como uma teoria de análises para que se construa outras teorias baseadas em cada realidade?

Sim, nesse sentido, serve mais como uma "estrutura de análises" para se construir outras teorias ou outras formas dentro de uma mesma teoria (como o materialismo dialético, no marxismo, que é mais uma metateoria do que necessariamente uma teoria).

Saul Oliveira escreveu:No caso a QTP não é uma teoria em si, é uma ferramenta de análises para se construir uma?

Exatamente. A QTP, por exemplo, não estrutura um único modelo ou forma de construção econômica, política, social, cultural, etc; a Quarta Teoria Política analisa teorias anti-modernas, multipolares e identitárias, em suma.

É uma "corrente de ideias" antiliberais, não uma "ideologia" ou uma "teoria política" pronta. Dugin deixa vários caminhos em aberto, talvez propositalmente. Pelas análises da Quarta Teoria Política, podemos construir uma ideia nacional, por exemplo; o Meridionalismo, do prof. André Martin, é uma visão geopolítica que em vários elementos em comum com a QTP, e poderia ajudar a construir uma "QTP para o Brasil". Há muitas alternativas e vias para se explorar isso, não uma "receita pronta".

Saul Oliveira escreveu:Mais se a metateoria constrói e avalia outras teorias, quem fundamenta a metateoria para que ela sirva como base de análise? teorias? Cultura? Conhecimento?

Quem fundamenta a metateoria são teóricos e ideólogos que desenvolvem estruturas de pensamento, até epistemológicos, para avaliar as próprias teorias. É um caminho de mão dupla, viabilizado por toda uma cosmovisão, não uma simples questão de academicismo ou auto-referenciação.

Teorias, conhecimento, cultura, religião, arte, filosofia, tudo isso serve para fundamentar uma metateoria e pode ser fundamentado por ela.